terça-feira, 31 de março de 2009

Militar, cristão e escroto.


O Sr. C havia abandonado a carreira militar após o advento da Constituição de 88.

Não lhe convinha, após o declínio do prestígio do exército, continuar madrugando e recebendo pouco sem poder eventualmente descontar suas frustrações em um estudante univesitário qualquer.

Foi então que resolveu virar burocrata. Prestou concurso público e passou... Agora continua recebendo pouco, mas pode acordar tarde e complicar a vida de alguém atrasando pedidos de certidões e coisas do tipo.

Mas o que a estória de vida do Sr. C ilustra é como é gigantesco o potencial do ser humano para inventar mil e uma formas de fuder com a vida alheia.

Alguns meses depois de tomar posse, a disciplina e dedicação do Sr. C lhe rendera um cargo de chefia. Dentre suas atribuições estava a de coordenar o trabalho dos vigias noturnos que faziam a ronda do prédio.

Esses vigias noturnos não eram servidores públicos e sim funcionários de uma empresa terceirizada. Esses heróis aguentavam toda a encheção de saco dos chefes do serviço público e ainda todas picaretagens da empresa, que embolsava parte de seus vales-transportes e alimentação.

E não é preciso ser um gênio da administração para saber que empregados submetidos à condições extremas tem o prazer em fazer tudo a seu alcance para avacalhar com seus chefes.

Mas esses vigias até que eram inofensivos. Só tinham um defeito: dormiam o expediente inteiro... Ora, até aí tudo bem...

Mas é claro o Sr. C, com as rabugices de um ex-militar, não permitiria isso nunca. E assim, logo na primeira semana à frente da chefia, arquitetou seu plano macabro.

Mandou instalar no prédio inteiro 8 relógios de ponto em locais distintos. Ordenou que a partir de então a cada hora de serviço passada, cada dos vigia deveria bater o ponto em um relógio diferente.

E no mesmo dia em que estabeleceu as novas regras, o Sr. C mandara rezar na paróquia uma missa pela segurança das repartições públicas, e distribuiu santinhos entre os vigias.

De acordo com aqueles pobres diabos "o Sr. C tinha conseguido fuder bonito a bicicleta e para isso ainda tinha colocado Deus no meio".

Mas se a inteligência do Sr. C foi grande, maior ainda foi a dos vigias.

Logo no começo do expediente noturno, eles desparafuzavam os relógios de ponto das paredes e colocavam sobre uma grande mesa.

E assim que batia a hora certa de cada relógio, eles não precisavam fazer a ronda... bastava bater o ponto nos relógios que já estavam sobre a mesa... Cada dia, um vigia era sorteado para ficar acordado batendo o ponto enquanto os outros dormiam tranquilos... Ao final do expediente era só parafusar o relógio novamente no lugar.

Quanto a pessoas como Sr. C confesso que continuo não as entendendo... O que elas querem no fim das contas? Por que elas existem?

Pensando sobre essas perguntars me pego imaginando o Sr. C...
Imagino-o sozinho em casa, vestindo o pijama; escovando o bigode; deitando numa estreita cama de solteiro; sonhando com vigias noturnos a rondar pelos corredores... todos eles zelando gloriosos pela segurança das repartições públicas.

"Levantar mais cedo para ficar mais tempo à toa" ou "The rat race"


Hoje recebi de um servidor público o seguinte texto que orgulhosamente apresento, com pequenas alterações, aos raros e caros leitores desse blog mofado.

É incrível constatar nos relatos de outros burocratas a existência de uma identidade vagabunda ligando todos nós servidores públicos. À parte as diferenças nos criativos nomes dos cargos: oficiais de justiça, técnicos administrativo, analista de gabinete, etc; somos todos farinha do mesmo saco... sem tirar nem por.

O título dado pelo autor é "levantar mais cedo para ficar mais tempo à toa"... mas eu tomei a liberdade de acrescentar um outro título alternativo "The rat race".

Segue o texto:

"A barra magnética do crachá estava falhando. De forma que tive que fazer várias tentativas de passar pela roleta.

Concentrado no crachá... limpando e lustrando a barra magnética, senti um suspiro esbaforido ofegando bem na minha orelha e nuca.

Assustado, girei o corpo e me deparei com a dona de um semblante aflito e atônito a me olhar fixamente...

Meu Deus... que pensamentos faziam-na tensionar o rosto em ódio e aflição daquela forma?

Passei sofregamente pela catraca e me senti aliviado por deixar para trás aquela do rosto enervado.

Mais à frente no corredor, eu deveria passar a tarja magnética do crachá pelo relógio de ponto. E para lá segui.

Mas senti atrás de mim aquele esbaforido nervoso me seguindo pelo corredor.

Os passos eram ágeis. Senti que o rosto enervado me alcançaria inevitavelmente no próximos passos... Senti medo e aflição.

Levantei o crachá e trêmulo levei às mãos em direção ao relógio de ponto. Foi quando num gesto rápido a estressada se jogou na minha frente, e com a desenvoltura de uma pata choca andando sobre scapins logrou marcar o ponto antes de mim.

Enquanto eu tentava entender o motivo de tamanho desvairio e ódio, a personagem lançou-me um olhar triunfante e suspirou aliviada...

Ela havia conseguido... que vitória a dela... passando na minha frente feito louca havia ganhado 2 ou 3 minutos na folha de ponto.

Entraria mais cedo e ficaria mais tempo à toa o resto do dia."

segunda-feira, 30 de março de 2009

A dança das gavetas


"Limpem hoje mesmo todas as suas gavetas", ordenou o chefe.

Logo pensei: "Finalmente seremos despedidos... A razão triunfou e perceberam nossa inutilidade... Extinguirão a Repartição inteira em nome da eficiência e da moralidade... Demolirão esse prédio velho e mofado e construirão um parque em seu lugar".

Como de costume eu estava equivocado.

Deveríamos desocupar as gavetas pois pela manhã do dia seguinte as mesas seriam trocadas por modelos mais modernos.

Havia gostado tanto da troca das cadeiras (ver o post "A dança das cadeiras"). No entanto, essas mesas me cheiravam a superfaturamento e licitações fraudadas. Afinal, de onde eles tiravam, em tempos de crise, tanto dinheiro para remobiliar todas as repartições?

Por outro lado, por que não dar uma boa repaginada na boa e velha repartição? Ora o que havia de tão errado nisso?

Só porque as pessoas que trabalham aqui são feias e relapsas não quer dizer que os móveis também devam ser feios e de má qualidade...

Alternado um misto de preguiça e desinteresse comecei então a empacotar as tralhas que ocupavam minhas gavetas.

Havia de tudo um pouco ali...

Papéis e documentos de todo tipo, colas com data de validade vencida, tesouras cegas, cupons de desconto para o China in Box, uma cartela de Finasterida pela metade, e até mesmo um preservativo intocado que deveria estar há ali anos...

Levei a tarde toda para ordenar e retirar aquilo tudo da gaveta. Mas no fim das contas até que fiquei satisfeito e orgulhoso com o trabalho que havia feito...

Aquela tralha toda sistematicamente organizada dentro de uma caixa, me abrira o apetite... Fui então comer minha esfirra com mate-couro...

Fora da Repartição, eu agora eu pensava sobre as mesas novas... Seriam verdes tal qual as cadeiras novas? Teriam elas suporte para copos de café? Seria o desing curvo?

Voltei do lanche com as energias renovadas e grandes espectativas em relação à troca...

Notei que agora as mesas antigas tinham uma etiqueta onde se lia "RECOLHER". Haviam colado essa etiqueta em todas as mesas, com exceção da minha. Na minha, a etiqueta dizia em letras garrafais: "NÃO RECOLHER".

Foi então que a ficha caiu...

Então todo o trabalho que eu havia feito durante o expediente inteiro fora em vão? E minha mesa fora a escolhida para continuar vegetando junto a nós por mais alguns anos?

Até que nem fiquei estressado com isso tudo!

Afinal, todos os dias o trabalho que eu faço é mesmo em vão... E todo mundo vive dizendo por aí que não se fazem mais mesas como antigamente...

sábado, 28 de março de 2009

Resultado da 1ª enquete vagabunda

Restou constatado em nossa primeira enquete que os servidores do Judiciário são os mais vagabundos entre os 3 poderes...

Respondendo à pergunta: Quais são os funcionários públicos que trabalham menos?; o resultado foi o seguinte:

Executivo: 5 votos/ Legislativo: 4 votos/ Judiciário: 6 votos

Foi realmente uma disputa muito emocionante.

Nos primeiros dias o Executivo saiu na frente. Mas hoje, às vésperas do encerramento da enquete estavam empatados Executivo e Judiciário em 5 votos...

Sofri de um dilema interno muito forte: na condição de moderador do blog deveria manter a neutralidade; por outro lado, o servidor público dentro de mim, clamava as glórias vagabundas de anos de Repartição...

Pensei no trabalho árduo daqueles que atuam na seara da educação em condições incrivelmente adversas. E o contrapus aos jurocratas vegetando sob o ar condicionado e nos seus sindicatos reclamões... Dei então o voto de minerva.

Obrigado a esses 14 nobres leitores que opinaram nessa enquete.

Nossa próxima enquete versará sobre as preferências musicais dos vagabundos públicos... aguardem!

sexta-feira, 27 de março de 2009

Agonia e glória


Hoje, por volta da metade do expediente, constatei que o café da garrafa térmica vermelha havia acabado. Restava somente o café àquela altura já frio da garrafa azul, cuja vedação apresentava problemas irreversíveis...

Adiantando meus pensamentos, a vagabunda, que fumava sofregamente no quintal, antecipou-se: "acabo o pó de café também... não dá para fazer mais".

Isso significava que só tínhamos uma alternativa: "abrir um chamado" para a SGA- Seção de Gestão Alimentícia (ou vulga Cantina), solicitando uma garrafa de café passado na hora...

É senso comum entre todos da Repartição que solicitações de café à SGA devem ser evitadas a todo custo...

A praxe interna manda que os funcionários façam uma caixinha mensal para comprar um pó de café aceitável; e que eles mesmos o passe na cozinha da Repartiçao.

Costuma-se assim fazer pois a SGA usa pó ruim... alguns dizem que é "Café do Bule" outros que é "Mellita"... não se sabe ao certo. Qualquer dia desses vou ligar lá para a SGA para tirar essa dúvida.

Além da qualidade duvidável do pó, a SGA faz o café em escala industrial . Usam-se galões gigantes de alumínio, nos quais se mistura com uma pá grandes quantidades de açucar.

O resultado desse processo é um café ralo e muito doce. Tanto é assim que o apelidaram-no "chá de café".

E desse chá eu não estava disposto a beber.

Por outro lado como poderíamos vegetar a outra metade do expediente sem café, por pior que fosse ele?

Enquanto eu lamentava o café ausente, o Sr. J entrou triunfantemente pela porta da cozinha.

Ele trazia em uma mão um saco de pães e na outra uma garrafa 2l de Coca-Cola.

Dividimos fraternalmente aquele lanche. Entre mordidas, goles e tímidos sorrisos de agradecimento ao Sr. J, olhavamos anestesiados para o chão em silêncio.

Imperava uma atmosfera solene.

Coca-Cola é tipo um café gelado, pensei...

A vagabunda já tirava outro cigarro do maço: "e o cafezim? preciso fazer uma boca de pito"!

quarta-feira, 25 de março de 2009

The captain of the heart


Olhei pela janela e vi o temporal que se armava lá fora...

Tal como zumbis os vagabundos da Repartição rumaram em bando para o quintal e lá ficaram a prospectar sobre a chuva que vinha...

Alguém resmungou algo sobre fechar as janelas... mas nada foi feito.

Já eram 3:00hs em ponto- hora do lanche.

E eu decidira que chuva nenhuma me impediria de ir até a lanchonete comer uma esfirra com mate-couro.

Peguei um guarda chuva emprestado e saí esfomeado pelas ruas em ventania... Ainda não chovia.

Chegando na lanchonete coloquei o guarda-chuva ainda seco no balcão sobre o qual se debruçava uma simpática velhinha...

Fiz o pedido, comi a esfirra, bebi meio litro de mate-couro, e o temporal despencou finalmente...

Aquela água toda caindo me tocou o íntimo... Senti-me tão vulnerável quanto impotente perante o mundo... A odiosa visão de eu sentado na Repartição agora me confortava.

Tive vontade de estar assistindo a chuva da janela da Repartição.

Paguei a conta e busquei pelo guarda-chuva...

Ele não estava sobre o balcão... A velha também não estava mais lá... Teria ela o levado por engano? Caso assim fosse ela deixaria outro guarda-chuva no lugar...

Não... não era isso.

Um arrepio frio correu minha espinha; uma inútil descarga de adrenalina me correu o sangue, e constatei:

"A velha safada havia me roubado"!

O temporal atingia agora seu ponto alto...

E eu agora me molhava correndo sozinho de volta à Repartição.

Durante dois íngremes quarteirões, pensei na velha safada desfilando a passos lentos pelas ruas...

Cheguei à Repartição ensopado, enganado e frustrado...

Na sala não havia ninguém.

Estavam todos na cozinha, de onde vinha aquele cheiro gostoso de café fresco...

Peguei alguns processos e me sentei à frente do computador.

Liguei o rádio... era hora da sessão flashback:

" too long ago, too long apart...
she couldn´t wait another day for...
the captain of the heart..."

Aumentei...

terça-feira, 24 de março de 2009

A dança das cadeiras


Hoje constatei ao chegar na Repartição que todas as cadeiras antigas haviam sido trocadas por outras mais modernas...

Meu coração burocrático se encheu de alegria, e minha corcunda se endireitou toda ao ver aquelas cadeiras giratórias novinhas em folhas...

Antes mesmo de tirar minha carteira do bolso, me joguei na cadeira mais próxima.

Foi uma sensação de conforto e acolhimento que nunca tinha experimentado antes em todos esses anos de serviço público.

O encosto reclinável fazia uma leve pressão nas costas, de forma que a coluna era mantida confortavel e elegantemente ereta.

O assento era revestido numa espécie de espuma macia porém firme.

E que rolamentos eram aqueles!

Um leve empurrão me levava de um canto a outro da Repartição. E com pouquíssimo esforço eu poderia com agilidade passar sentado por entre as mesas, alcançando as 4 diferentes linhas telefônicas da repartição caso elas tocassem...

Foi um dia bacana na Repartição!

segunda-feira, 23 de março de 2009

O paradoxo da impressora estragada


Na Repartição pelo menos 1 impressora pifa por dia...

E isso me obriga a:

1)"abrir um chamado" para a Seção de Informática. Ou seja, preciso enviar um e-mail no qual devo preencher um extenso formulário especificando o defeito para o qual procuro assistência técnica...

2)Uma vez preenchido e enviado o formulário, devo aguardar o retorno da Seção de Informática. Retorno esse que nunca vem...

3)Então, faço o que deveria ter feito antes, embora contra aa nova Resolução baixada pela nova diretoria, que não permite ligar diretamente para a Seção de Informática solicitando suporte técnico.

4)Explico o problema da impressora à Seção de Informática, que por sua vez me orienta a "abrir outro chamado", já que pelas nova Resolução eles não podem atender diretamente.

5)Sinto-me um palhaço... fico bem estressado, e largo isso tudo pra lá.
6)Tomo um café.

7)Do nada a impressora começa a funcionar novamente.

Isso tudo é muito estranho.

É como se a Repartição funcionasse como um organismo perverso; um sistema autopoiético de vetores malignos dirigidos ao único fim de fazer a gente ficar cafeinado e puto...

domingo, 22 de março de 2009

A vagabundagem que transcende


Tive a oportunidade de visistar o Museu Kafka em Praga.


Nunca imaginei encontrar naquele museozinho pequeno e escuro, situado em num beco tranquilo, às margens do Vltava, um vagabundo à imagem e semelhança dos vagabundos públicos tupiniquins...


Aquele homem já esboçava minhas poses sentado à mesa de trabalho; e assinava requerimentos de justificativa por falta ao trabalho tal como hoje eu faço... até mesmo nossas motivações coincidiam: "me sinto indisposto"!


Isso leva a cogitar se ser um burocrata, um vagabundo, um servidor público não seria algo mais do que simplesmente ocupar um cargo, e receber para vegetar.


Estou cada dia mais inclinado pela idéia de que ser burocrata se trata de um estado de espírito. Trata-se de se reconhecer fracassado todos os dias nas horas-mortas do expediente; pensando sobre o que não foi e sobre o que não será...


O seguinte trecho de "O amanuense Belmiro" ilustra isso de forma bastante melancólica:


"O velho que se assenta a meu lado tem trinta anos de serviço, já recebe adicionais e ainda acredita que nasceu para o brilho da Igreja. "Se não tivesse deixado o seminário talvez fosse bispo!" (...) Acolá, o outro, o Romualdo, que já requereu contagem de tempo para aposentadoria, com todos os vencimentos, suspira, cada dia, à hora de encerrar-se o expediente: "Eu dava era para a política. Tinha jeito e tive padrinhos. Mas não tirei a carta de bacharel, casei-me antes de tempo e aqui estou vegetando..."


KAFKA, CYRO DOS ANJOS, eu e tantos outros...Há algo no serviço público que transcede tempo e espaço. Retirando esses homens da vida, e jogando-os todos numa repartição, cinzenta e triste, onde estarão condenados a vagabundar eternamente... com direito a cafezinho!

A cidade dos vagabundos


Hoje eu fui a um aniversário de criança lá de Pedro Leopoldo...

Fui pela BR e passei em frente àquelas obras do novo Centro Administrativo do Governo do Estado de MG. Fiquei pasmo com as dimensões faraônicas daquilo lá.

Estão construindo a "cidade dos vagabundos"... Já imaginaram todos os servidores estaduais juntos no mesmo complexo; todo mundo morgando feito um bando de morto-vivo?

O nosso governador é mesmo um gênio da administração pública moderna... vem gastantdo milhões para construir uma mini-brasília no meio do nada. Enquanto o IPSEMG dos burocratas continua em processo de sucateamento.

A burocracia inconformada não quer prédios novos, nem mesas novas, nem cadeiras novas...

Esses vagabundos só querem um pó de café decente e impressoras que funcionem razoavelmente bem e um plano de saúde...

sábado, 21 de março de 2009

Burocracia triunfante x Burocracia inconformada


Então, cheguei na casa da minha mãe e peguei com entusiasmo aquele velho exemplar de " O amanuense Belmiro".

Gostaria de compartilhar com vocês raros e caros leitores, um trecho de autoria daquele que, na minha burocrática opinião, sintetizou melhor a alma do serviço público brasileiro.

Em " O amanuense Belmiro", pelos idos da década de 30, assim escreveu CYRO dos ANJOS:

"São raros os que chegam à burocracia triunfante, que é aquela em que o espírito se integra no bureau e o homem não é mais do que um conjunto de fórmulas e praxes, ou melhor, é o próprio processo, em forma hierática e cabal.

Os mais ficam na burocracia militante e inconformada, recusando-se a por o espírito em função no ofício que lhes parece tão contrário à vocação e preferências. E assinam o ponto com rebeldia e deprezo pelas mãos."

Diretrizes gerais do blog


Como tenho andado com dificuldades para escrever uma simples certidão cartorária que seja, decidi imprimir ao blog um caráter mais dinâmico e jornalesco do que propriamente literário...

Contrariando minha formação burocrática, abro mão dos termos rebuscados e frases prontas para buscar uma escrita rápida e rasteira...

E como quase sempre me falta inspiração prometi a mim mesmo que vou movimentar esse blog todos os dias a qualquer custo.

Outro dia li em algum lugar que qualquer imbecil pode ter um blog... vamos então ver se isso é verdade mesmo!

O grosso dos posts serão sobre meu dia a dia na repartição...

Caso não tenha nada a dizer, vou simplesmente postar trechos literários sobre o serviço público. Estou indo agora mesmo na casa da minha mãe ver se eu pego com ela aquele exemplar de "O Amanuense Belmiro" de CYRO DOS ANJO... sem dúvidas esse pequeno clássico será um marco teórico para esse blog!

A horta no quintal da repartição


Na repartição.... naquelas horas em que o calor está no pico e o ar condicionado começa a dar biziu é que as coisas saem do controle...

Idéias tão loucas quanto inúteis começam a me rondar...

Semana passada pensei em plantar algumas mudas no quintal da casa onde fica instalada a repartição. Na ausência do chefe bastavam uns 30 minutos para eu deixar ali algumas sementes. Assim, dentro de alguns dias eu teria a meu alcance tomates, pimentas do reino, e quem sabe até algumas cebolas...

Fiquei excitadíssimo com esta idéia durante alguns minutos: "plantar uma horta!"

Preciso comprar aqueles saquinhos com sementes... onde será que eu acho isso?
 
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