O Sr. C havia abandonado a carreira militar após o advento da Constituição de 88.
Não lhe convinha, após o declínio do prestígio do exército, continuar madrugando e recebendo pouco sem poder eventualmente descontar suas frustrações em um estudante univesitário qualquer.
Foi então que resolveu virar burocrata. Prestou concurso público e passou... Agora continua recebendo pouco, mas pode acordar tarde e complicar a vida de alguém atrasando pedidos de certidões e coisas do tipo.
Mas o que a estória de vida do Sr. C ilustra é como é gigantesco o potencial do ser humano para inventar mil e uma formas de fuder com a vida alheia.
Alguns meses depois de tomar posse, a disciplina e dedicação do Sr. C lhe rendera um cargo de chefia. Dentre suas atribuições estava a de coordenar o trabalho dos vigias noturnos que faziam a ronda do prédio.
Esses vigias noturnos não eram servidores públicos e sim funcionários de uma empresa terceirizada. Esses heróis aguentavam toda a encheção de saco dos chefes do serviço público e ainda todas picaretagens da empresa, que embolsava parte de seus vales-transportes e alimentação.
E não é preciso ser um gênio da administração para saber que empregados submetidos à condições extremas tem o prazer em fazer tudo a seu alcance para avacalhar com seus chefes.
Mas esses vigias até que eram inofensivos. Só tinham um defeito: dormiam o expediente inteiro... Ora, até aí tudo bem...
Mas é claro o Sr. C, com as rabugices de um ex-militar, não permitiria isso nunca. E assim, logo na primeira semana à frente da chefia, arquitetou seu plano macabro.
Mandou instalar no prédio inteiro 8 relógios de ponto em locais distintos. Ordenou que a partir de então a cada hora de serviço passada, cada dos vigia deveria bater o ponto em um relógio diferente.
E no mesmo dia em que estabeleceu as novas regras, o Sr. C mandara rezar na paróquia uma missa pela segurança das repartições públicas, e distribuiu santinhos entre os vigias.
De acordo com aqueles pobres diabos "o Sr. C tinha conseguido fuder bonito a bicicleta e para isso ainda tinha colocado Deus no meio".
Mas se a inteligência do Sr. C foi grande, maior ainda foi a dos vigias.
Logo no começo do expediente noturno, eles desparafuzavam os relógios de ponto das paredes e colocavam sobre uma grande mesa.
E assim que batia a hora certa de cada relógio, eles não precisavam fazer a ronda... bastava bater o ponto nos relógios que já estavam sobre a mesa... Cada dia, um vigia era sorteado para ficar acordado batendo o ponto enquanto os outros dormiam tranquilos... Ao final do expediente era só parafusar o relógio novamente no lugar.
Não lhe convinha, após o declínio do prestígio do exército, continuar madrugando e recebendo pouco sem poder eventualmente descontar suas frustrações em um estudante univesitário qualquer.
Foi então que resolveu virar burocrata. Prestou concurso público e passou... Agora continua recebendo pouco, mas pode acordar tarde e complicar a vida de alguém atrasando pedidos de certidões e coisas do tipo.
Mas o que a estória de vida do Sr. C ilustra é como é gigantesco o potencial do ser humano para inventar mil e uma formas de fuder com a vida alheia.
Alguns meses depois de tomar posse, a disciplina e dedicação do Sr. C lhe rendera um cargo de chefia. Dentre suas atribuições estava a de coordenar o trabalho dos vigias noturnos que faziam a ronda do prédio.
Esses vigias noturnos não eram servidores públicos e sim funcionários de uma empresa terceirizada. Esses heróis aguentavam toda a encheção de saco dos chefes do serviço público e ainda todas picaretagens da empresa, que embolsava parte de seus vales-transportes e alimentação.
E não é preciso ser um gênio da administração para saber que empregados submetidos à condições extremas tem o prazer em fazer tudo a seu alcance para avacalhar com seus chefes.
Mas esses vigias até que eram inofensivos. Só tinham um defeito: dormiam o expediente inteiro... Ora, até aí tudo bem...
Mas é claro o Sr. C, com as rabugices de um ex-militar, não permitiria isso nunca. E assim, logo na primeira semana à frente da chefia, arquitetou seu plano macabro.
Mandou instalar no prédio inteiro 8 relógios de ponto em locais distintos. Ordenou que a partir de então a cada hora de serviço passada, cada dos vigia deveria bater o ponto em um relógio diferente.
E no mesmo dia em que estabeleceu as novas regras, o Sr. C mandara rezar na paróquia uma missa pela segurança das repartições públicas, e distribuiu santinhos entre os vigias.
De acordo com aqueles pobres diabos "o Sr. C tinha conseguido fuder bonito a bicicleta e para isso ainda tinha colocado Deus no meio".
Mas se a inteligência do Sr. C foi grande, maior ainda foi a dos vigias.
Logo no começo do expediente noturno, eles desparafuzavam os relógios de ponto das paredes e colocavam sobre uma grande mesa.
E assim que batia a hora certa de cada relógio, eles não precisavam fazer a ronda... bastava bater o ponto nos relógios que já estavam sobre a mesa... Cada dia, um vigia era sorteado para ficar acordado batendo o ponto enquanto os outros dormiam tranquilos... Ao final do expediente era só parafusar o relógio novamente no lugar.
Quanto a pessoas como Sr. C confesso que continuo não as entendendo... O que elas querem no fim das contas? Por que elas existem?
Pensando sobre essas perguntars me pego imaginando o Sr. C...
Imagino-o sozinho em casa, vestindo o pijama; escovando o bigode; deitando numa estreita cama de solteiro; sonhando com vigias noturnos a rondar pelos corredores... todos eles zelando gloriosos pela segurança das repartições públicas.
.... e pensando ser ele (Sr. C) um servo da justiça divina ...
ResponderExcluiresse conto é genial e atinge seu melhor momento no seguinte parágrafo :"Quanto a pessoas como Sr. C confesso que continuo não as entendendo... O que elas querem no fim das contas? Por que elas existem?"...fenomenal...
ResponderExcluirRealmente, o quer o Senhor C.? Que os vigias trabalhem? Essa é muito boa... parece que vive no mundo da Lua. Parabéns aos vigias que foram perspicazes o sufuciente para driblar a obssesão do chefe por rondas inúteis nas dependência de uma repartição pública. Aqui mesmo no meu querido TJMG existem 4 (quatro!!) vigias apenas no saguão do prédio, que passam o dia todo batendo papo, às vezes entre eles, às vezes com os vigias do Banco do Brasil e do Itaú. Todos trabalham armados e de colete, com 2 pentes extras de munição para as pistolas. Fico imaginando uma van de marginais que chegam atirando e os vigias envolvidos num tiroteio sangrento à la Chuck Noris, o saguão da mármore branco cheio de furos e sangue. Em 4 anos de trabalho aqui NUNCA ouvi uma história em que foi necessária a intervenção de qualquer deles. Minto! Uma vez dois advogados partiram para as vias de fato após uma sustentação oral e os bravos seguranças apartaram a briga, mas como ambos os querelantes eram muito velhinhos não foi necessário deflagrar nenhum cartucho.
ResponderExcluirDesculpem pela "obssesão" com os "ss" trocados, que vergonha...
ResponderExcluirMuitas vezes pessoas como o Sr. C escondem podres incríveis...deve ser do tipo que usa meia arrastão e cinta liga por baixo do terno.
ResponderExcluirRecomendado por um futuro burocrata-vagabundo que debutará na Repartição, no máximo em 2 anos, li a ocorrência protagonizada pelo militar, cristão e escroto, Senhor C. E confesso indecisão em apostar no que significa a letra "C" que abrevia o nome desse infeliz: capeta, cuzão, cobra, corno... Por que os vagabundos sempre acham que alguém, menos eles, tem que trabalhar neste país?
ResponderExcluirGlowsmek, o monstro.